O metro não é só um veículo de transporte. Não é só um local de trabalho. Não é só um sítio onde conhecemos toda a vida das pessoas que falam demasiado alto ao telemóvel.
O metropolitano de Lisboa é palco de criação de uma espécie que surgiu no submundo, mas nem por isso é subdesenvolvida. Uma espécie que representa uma evolução em relação ao comum mortal e pode ser encontrada nos túneis do metro de Amadora Este a Santa Apolónia, bem como nas linhas Amarela, Verde e Vermelha.
São eles os Leitores de Pé.
Um grupo restrito de pessoas de todas as faixas etárias. Aventureiros, ou simplesmente sequiosos de cultura que em viagens curtas ou longas, comodamente sentados ou de pé, colados a dezenas de pessoas que saturam a carruagem, optam por pôr a leitura em dia no percurso casa-trabalho.
Venho por este meio prestar a minha singela homenagem aos Leitores de Pé. Essas personagens que em hora de ponta e face a uma travagem brusca, optam por agarrar o livro com ambas as mãos (e continuar a ler, talvez com mais intensidade) em vez de se agarrarem ao varão da carruagem de metro para não cairem.
Junto à homenagem uma nota: o varão do metro é claramente subaproveitado. A fórmula do mendigo já é muito batida (a lenga-lenga, a criança, o cãozinho ao ombro). Julgo que uma mendiga armada em Alzira, a explorar as potencialidades do varão, teria uma rentabilidade bastante superior. Agradeceriam os frequentadores do metropolitano homens e também mulheres (que já não teriam de aturar o olhar insistente dos primeiros, que estariam entretidos com a Alzira).
Fica a sugestão.
E um bem haja para os Leitores de Pé.
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