Já nem vou falar do óbvio exercício inútil de infantilizar algo que de si já é infantil (leia-se a criança, e sem qualquer sentido pejorativo).
É como falar à bébé para um bébé. É um pleonasmo tal qual como subir para cima ou azul azulado. É roubar capacidades ao pequeno ser que tenta evoluir e se vê rodeado de imbecis (sim vocês que fazem tchu-cthi-tchu enquanto abanicam as falanges dos dedos à frente das crianças) que o pretendem manter no estado "língua enrolada" para sempre em vez de lhes mostrarem o português correcto - ou outra língua que se aplique.
Isto é estúpido. Mas passa.
Agora o que não me cabe na cabeça é o orgulho que os pais têm em que as crianças acreditem no Pai Natal e os esforços que desenvolvem nesse sentido ano após ano. Não, não estou só a falar da quebra de confiança que poderá existir quando sofrer a desilusão da sua até aí curta vida e descobrir que o Pai Natal é afinal aquele tio gordo que desaparecia sempre durante a entrega das prendas.
Estou a falar de quererem que as crianças confiem cegamente num qualquer tipo gordo, de barbas grandes, velho, com um saco, que lhes apareça à frente.
Depois venham-se queixar que a Maddie desapareceu.
Nota: Sim, diz-se pejorativo e não perjurativo como eu vivi anos a pensar que era. Ah, era só eu? Ok, então.
Porque o namorado dela conta a seguinte anedota (a juntar às outras da minha colecção):
Uma senhora e seu pequeno filho viajavam todos dias de comboio, no mesmo percurso.
Mas a criança era tão feia, tão feia, mas feia de tal modo que ninguém se sentava ao pé dela. E se fosse o miúdo a sentar-se ao lado de alguém logo o outro passageiro se levantava.
Certo dia no mesmo percurso, a criança senta-se ao lado de um velhote que vai descascando uma pêra para comer e continua impávido e sereno ao lado da criança, apesar de já ter olhado para ela.
A mãe encantada, diz à criança: vês filho? O senhor não teve medo de ti!
E o velhote olha para a pêra semi-descascada, olha para a criança, olha para a mãe e pergunta:
O bichinho come cascas?
Nota: Talvez não se riam tanto como eu, mas eu ouvi-a contada em bom alentejano. Se assim escrita tem graça? Tem. Mas não é a mesma coisa.
Hoje é 1 de Junho, Dia Mundial da Criança. É hábito dar-se os parabéns ao adulto ou semi-crescido ao nosso lado, por graça, e ouvir a resposta: sou mesmo! nunca deixarei de ser criança!
E, se me perguntarem, metade dos problemas da sociedade deve-se precisamente a haver mais gente a festejar este dia do que era suposto.
. Perigo! Crianças que acre...