Nem sempre a sala de espera tem quatro paredes e envolve uma senhora atrás do balcão a chamar pelo nosso nome.
Nessas, o folhear de uma revista de há quatro meses (onde os mais desatentos ainda descobrem novidades), a Praça da Alegria - sem som - ou a análise de escárnio das restantes pessoas no cubículo ajuda a passar o tempo.
Nessas, o ar condicionado que encuba microscópicas bactérias e as sopra em brisa leve para os nossos pulmões, torna a atmosfera mais agradável.
Nessas, os peixinhos do aquário com a sua memória Tom-ten-seconds, descrevendo a mesma rota em ciclo contínuo, confortam-nos com o pensamento de haver criaturas bem mais estúpidas que nós.
Nessas, há-de chegar uma senhora com voz de assistente de bordo e dizer "pode entrar", com o sorriso fingido que treina todos os dias com pessoas diferentes. Senão, pede deculpa e estima meia hora para nos atenderem.
Mas e nestas? Sem entretenimento ou distracção que nos valha, sem estimativas de tempo para acabar e ninguém para nos agarrar pelos ombros, abanicando firmemente,e nos gritar: mas do que raio estás à espera?!
Bem, vou ali mastigar um Tic Tac e já volto.
Nota: Caso se estejam a perguntar, estou só à espera de uma pizza, sim?